domingo, 26 de agosto de 2012



Motoboys usam poesia para dar fim a preconceito em São Paulo






AMANDA KAMANCHEK
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA






"De repente alguma coisa acontece; um trem passando, um pôr do sol, o próprio trânsito", diz Andréa Sadocco, 40. Montada em sua moto Titan vermelha, ela fotografa e inventa poemas a partir de cenas que observa na cidade.



Andréa foi motogirl por seis anos. Agora, se dedica às artes, mas não deixou a moto como meio de transporte.




Ela é uma das integrantes do Coletivo Canal Motoboy, grupo de motoqueiros que se reúne há cinco anos para contar suas histórias na cidade.





O grupo tem de socorrista do Samu (serviço de atendimento de urgência) a professor de filosofia. "Em 2004 entrei no Samu, socorrendo os meus antigos colegas de profissão", diz Marcelo Veronez, 40, conhecido como o "Poeta dos Motoboys".

Motoboys usam poesia para dar fim a preconceito em São Paulo; imagem mostra Neka, Andréa e Ronaldo


Motoboys usam poesia para dar fim a preconceito em São Paulo; imagem mostra Neka, Andréa e Ronaldo




Já o Neka (Eliezer Muniz), 40, deixou de ser motoboy para estudar filosofia na USP.Hoje, ele é professor de uma escola da rede pública na periferia e escritor.



O que todos eles querem é mudar a imagem negativa dos motoboys, que têm fama de perigosos no trânsito --dados da CET mostram que mais de um motociclista morre por dia em São Paulo.
"Existe muito preconceito com o motoqueiro", diz Ronaldo Simão da Costa, 39, motoboy há 20 anos e coordenador do coletivo.



A população de motoboys já soma 160 mil pessoas no Estado. Mas o coletivo ainda é pequeno: tem apenas 12 integrantes, entre eles: Beiço, Deton, Djalma, Mirtão, Neka, Ronaldo, Viralata e Andréa.
Em 2007, com ajuda do artista plástico Antoni Abad, eles começaram a produzir pequenos vídeos e fotos a partir de celulares e a escrever texto em prosa e poesia para o site megafone.net.



Todo o material produzido vai para o site, que já hospeda milhares de registros. São fotos de encontros da turma, mensagens no Dia das Mães, cenas de trânsito, acidentes, orações e festas regadas a cerveja enlatada. "Todos os dias eu tirei uma foto, durante cinco anos", diz Andréa.



Com tanta produtividade, os motoboys dizem que a tecnologia já está ficando ultrapassada. "Estamos mudando a plataforma porque o servidor ficou muito carregado", afirma Ronaldo.




Até a próxima quinta, eles organizam a Semana da Cultura Motoboy, junto com a mostra "Estéticas das Periferias". A programação inclui debates e alguns saraus de poesia. Outras informações pelo site "[www.esteticasdaperiferia.org.br]": http://www.esteticasdaperiferia.org.br/programacao/seminario-3

Um comentário:

  1. Bela iniciativa eque Educação hein gente? De primeira.

    Parabéns a eles, povo do bem.

    Célia Jardim Araçagi

    ResponderExcluir

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