segunda-feira, 15 de abril de 2013



Poesia sempre! 



Leia na íntegra o poema ''Em nome da Filha'' da obra inédita Ode Triste para Amores Inacabados de autoria do escritor maranhense Fernando Atallaia 



Em nome da filha 


Para Aninha da  28, com a lembrança viva de um poema na fachada

                            

Saqueei a vida da mulher que me apareceu vindo do interior 

                                                          Do interior de suas faltas de seus olhos de seus ossos

                                            Com uma mala desbotada de fotografias

 

 

A mulher é nova e tem dois filhos

 

 

O primeiro chora               o outro morre

 

 

Todo dia é a mesma coisa     tento  amenidades                    

                                                                      E digo que lançarei um livro

 

A mulher sorrir um sorriso sem dentes                   e mostra o decote

 

Chamar-se-á Ode Triste para Amores Inacabados

                                            O que é isto?

 

 

Isto é o que você traz entre os seios e a alma forte

                                                 A mulher chora  

 

 

Congratula-se com vagabundos, gestores e poetas

                                      À noite reunidos somos todos iguais

               Trazemos parte do veneno do mundo e muita sede

                       Esperamos que a mulher nos console

                                       Alguns menos fatídicos

                                    Outros mais  aristocráticos

Desses não se aproveitam sentinelas nem acordos

                                Sabem por que vieram e exigem rapidez

 

Amanhã haverá festa e o segundo filho não mais existirá

                                  

A mulher na cadeira sentada à meia noite é a mesma criança que nasce sem pelos

                                      Sem louças

Sem nada                                                       

 

A mulher que clama por Reais nos bancos de cobranças

                                   Nada de real há nos tumores de suas pernas fáceis

                    Nada de concreto guarda a vagina que alimenta o sonho de um orgasmo

 

Pela manhã nas pontas entremeadas de cigarros a crônica dos urubus na paisagem Sonda corações que se arrastam

E um jornal sem folhas faz da mulher sua última página em vermelho sangue

(...)

A mulher que a vida verteu em seus longos e pontiagudos saques de amor e medo

 

A mulher que estava ali bem ali nos cabarés de suas saias apontando seus lamentos para um bolso imundo.

 

 

1997

2 comentários:

  1. Esplendido e acima de tudo muito lindooo- parabénss!!!

    Ana Patrícia- Cohaserma

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  2. Realmente voce sabe como ninguem retratar a realidade das mulheres e dos menos favorecidos, parabens e mais e mais inspiração. Beijosss
    Janaína Cidade Operária

    ResponderExcluir

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