quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Prefeito da Capital, Edivaldo Holanda Júnior esqueceu obrigações; priorizou os acordos ‘políticos’ em detrimento das demandas da população; deu calote em prestadores de serviços; não mostrou a mudança pregada em campanha e o pior: repetiu João Castelo, seu execrável antecessor.

Por Fernando Atallaia
Editor da Agência Baluarte

Quem anda pelas avenidas e ruas de São Luís imagina-se ainda no governo de João Castelo. Quem frequenta os pontos turísticos de São Luís e é usuário dos serviços de saúde da capital imagina que o prefeito ainda é João Castelo. Quem tem filhos matriculados nas escolas de São  Luís fica a duvidar se o prefeito é, de fato, o atual Edivaldo Holanda Júnior ou se ainda é o antigo e também igualmente execrável João Castelo. Tudo isso porque a paisagem não mudou: São Luís continua a mesma ou caminha para uma condição pior.

DISCURSO CAIU NA VALA COMUM Edivaldo Holanda Júnior é só mais um João Castelo da vida 
Dois anos se passaram e o discurso de campanha do então candidato Holandinha massificado pela mídia parceira despencou na vala comum. Edivaldo Holanda Júnior agiu e continua a proceder como seu antecessor. Tanto na esfera interna da administração como no âmbito das jogadas ‘políticas’. Aquelas nada republicanas. O prefeito montou um time (principalmente na área da comunicação) expert em manobras e mentiras. Empresas comandadas por ‘comunicadores’ políticos de bom traquejo no mundo das falácias. Este, um dos aspectos que vem gerando revolta entre os meios de comunicação prestadores de serviços à Prefeitura da capital. 

A gestão da mudança causou muitos acidentes em 2014; ano sofrível para população de São Luís 
Mas a realidade caótica que São Luís vivencia nos dias atuais é ainda mais gritante e se dá principalmente no contexto do conceito da gestão aplicada na capital maranhense. Edivaldo, para quem acompanha os desdobrares ou a evolução/involução da cidade, não fez nada mais que repetir João Castelo nos mais variados aspectos. Desde o descaso e abandono com as vias de acesso à falta de políticas públicas consistentes em áreas como Educação, Trânsito, Cultura, Saúde e Geração de Emprego e Renda. São Luís, em 2014 se transformou num território, onde a paisagem advoga contra Edivaldo de norte a sul. Escancara um prefeito que não ama a cidade que governa. Ou se, porventura, a amasse (e foi eleito para isso) os altos índices de criminalidade e violência, resultantes também da falta de Emprego, Renda e Oportunidades não seriam a máxima por todos os bairros perímetros adentro.  

2014 DE CALOTE Fundação de Cultura de São Luis continua a ser a maior devedora dos artistas da capital; caloteira, na administração de Edivaldo só é lembrada pelas dívidas não pagas 
Grande parte das Secretarias da Prefeitura de São Luís foi ocupada nos últimos dois anos por aliados políticos descompromissados com o desenvolvimento da capital. E isso é publico e notório. Na Fundação de Cultura do Município-Func, uma indicação do PT dá as cartas. A Func é a maior devedora dos artistas ludovicenses em todos os tempos. Conseguiu superar, inclusive, a Secma. Caloteira, na gestão de Holandinha continuou a ser o centro das atenções quando o assunto são os escândalos de dívidas não pagas. Em 2014, a secretaria protagonizou diversos.

POLITICALHA O ex-vereador Severino Sales foi um dos secretários nomeados em 2014 por Holandinha; Severino é presidente de partido
Na Educação, assim bem, como nas demais áreas da administração de Edivaldo Holanda Júnior, as medidas tomadas ‘em favor’ da população de São Luís foram inquestionavelmente paliativas, protocolares e sem efeitos de mudança. A vaidade imperou entre os secretários da gestão que, trancafiados em seus gabinetes, se comportaram como mauricinhos contemplados. Não há um secretário de Edivaldo Holanda Júnior (um sequer) que tenha uma postura que represente a tão divulgada mudança como meta.  A  bem da verdade, todos estão a fazer seu pé de meia para as próximas décadas.
ALTERNÂNCIA NECESSÁRIA? Diante da incompetência de Holandinha, o ex-deputado Clodomir Paz já pensa em entrar na disputa 
2014 foi um ano sofrível para os habitantes de São Luís. Houve o fenômeno da lembrança do nome de Joao Castelo que mostrou ser Holandinha somente mais um entre os demais: um prefeito que acaba de prometer que 2015 será diferente porque se sentiu coagido pela conjuntura eleitoral que  já vem se impondo. Pura pressão. Mas, como o compromisso de Edivaldo é justamente com o sustento da base aliada (partidos, vereadores e demais operadores de sua reeleição) 2015 continuará a ser 2014 em cor, forma e prioridades. Edivaldo Holanda Júnior sabe que em 2016 enfrentará o maior desafio eleitoreiro  de sua história. Nomes como Ricardo Murad, Luis Fernando Silva, Elisiane Gama, Antônio Pedrosa, Fábio Câmara, Clodomir Paz, Fernando Fialho e tantos outros já estão de olho na sua tão inerte, mas não menos poderosa cadeira. Em face da constatação, toda politicalha será necessária. Menos a mudança.

Que venha 2015!



CALOTE BEM APLICADO CAUSA
REVOLTA POLÍTICA NA TABA TIMBIRA

Nada menos que 17 deputados, acompanhados de prefeitos, ameaçaram tocar fogo e incendiar o prédio da Secretaria das Cidades por não terem recebido o generoso dinheiro dos convênios celebrados ainda na época da campanha. A secretaria é comandada por Fernando Fialho que durante todo o ano de 2014 sofreu severas críticas e acusações dos prefeitos de está protelando o pagamento dos dividendos aos gestores famélicos.

Fernando Fialho foi alvo, anteriormente, de denúncias de corrupção no catastrófico ex-governo da ‘Branca’ que o manteve sob forte esquema de blindagem. Nas secretarias que ocupou, sempre foi visto com maus olhos por  funcionários e empregados.

DEVENDO OS OLHOS DA CARA Fernando Fialho dá golpe em prefeitos e fecha o ano como o maior caloteiro do ex-governo Roseana 
Fama de truculento, ignorante, rude, indiferente e grosseiro com os funcionários abaixo de sua ‘patente’, Fialho é um dos últimos políticos maranhenses do ranço Sarney com características visíveis do continuísmo politico da prole do Zé.  

Agora com os prefeitos no calo dele, o secretário deverá fazer como sempre fez: intentar despistar a insatisfação dos gestores com promessas de uma articulação politica conjunta para 2016. Fernando Fialho acredita que poderá construir uma candidatura a Prefeito em São Luís, segundo seus assessores diretos. Com o apoio, inclusive dos cobradores em questão que, atualmente, pedem sua cabeça e ameaçam atear fogo em suas bandalheiras.  


Por Fernando Atallaia
Direto da redação 

UM MINISTRO DOS TRANSPORTES SEM QUALQUER AFINIDADE COM A ÁREA

ALBERTO GOLDMAN, DO 247

Antonio Carlos Rodrigues é o novo ministro dos Transportes. Transportes sem portos e sem aeroportos. Para Dilma [e Lula] portos e aeroportos não são transportes, o que, no mínimo agride o senso comum, já que portos e aeroportos, sem a articulação com rodovias, ferrovias e hidrovias, não podem existir. Mas os governantes petistas precisam de mais ministérios para ter mais moeda de troca.
Esse ministério é o reino podre do PR, o pomposo nome do Partido da República, cujo líder e pensador mais famoso é o mensaleiro Valdemar da Costa Neto. Nesse ministério nada acontece sem que a máfia do PR tenha o seu quinhão. Como Dilma é refém de deputados e senadores, ela se submete a eles, ainda que seja contra a vontade, pois pretendia manter o seu protegido atual, Paulo Sergio Passos.
BRASIL EM RISCO Antonio Carlos Rodrigues não entende nada da área dos Transportes, mas ele será o ministro
Antonio Carlos Rodrigues é advogado, foi vereador na capital paulista e é suplente de Marta Suplicy que precisou do tempo de TV do PR para a sua eleição. Sua especialidade é a articulação política, de transportes – uma das principais deficiências da infra estrutura logística brasileira – sabe muito pouco. Para Dilma pouco importa. O que importa é o apoio no Congresso para espantar o fantasma de um impeachment que a assombra todo dia.
Quem vai ditar as regras são os mesmos de sempre. Se estourar alguma bomba, Dilma fará como já fez. Aceita a demissão do ministro e o põe na conta da faxina, como já fez em ocasiões anteriores, e ainda vai posar de heroína de moral ilibada.

Ary Fontoura sai do armário

Texto de Ary Fontoura provoca apologia ao crime e desperta onda de ódio nas redes sociais. Internautas chegaram a pedir o assassinato da atual presidente Dilma e do seu antecessor, Lula

Marco Piva, Revista Fórum

Não é de hoje que artistas mostram suas preferências políticas e, a partir de sua condição pública, dizem coisas mais sérias e ajudam, bem como podem escorregar e não passarem de ventríloquos do senso comum. Parece ser este o caso de Ary Fontoura que pediu, em postagem nas redes sociais, a renúncia de Dilma Rousseff. Apesar de deixar claro a que tipo de renúncia se referia, o que faz no final do texto, o ator global desfia uma série de jargões que não fariam feio na boca do mais despolitizado dos brasileiros em conversa de botequim.
Como explicar, então, que uma pessoa com longa vida profissional e a vivência do teatro, local de excelência para o exercício da cultura, faça o papel de reprodutor inocente de frases comuns? Vejamos algumas delas.
O ator Ary Fontoura: ele saiu do armário?
(…) renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares (…) renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT”.
Ao juntar alhos com bugalhos, em nome de uma suposta indignação que teria atingido “200 milhões de brasileiros” pelo quais diz falar, Ary Fontoura perde a grande chance de colocar os pingos nos “is”. O pedido de “renúncia” à falta de vergonha e aos salários elevados de parlamentares, bem como aos parasitas, ao nepotismo e à velha forma de governar, caberiam bem numa ampla e profunda reforma política, expressão que não sai da boca do ator em nenhum momento. Esse tipo de reclamação óbvia continua quando pede a “renúncia” aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF, combinando com a “renúncia” à falta de planejamento, à economia estagnada. Mais uma vez, nenhuma palavra, sequer um miado, sobre a estrutura econômica vigente no Brasil há décadas, há séculos, e que para ser enfrentada exige exatamente um tipo de governo que ele não quer, embora nos anos de chumbo tenha flertado com a rebeldia de esquerda.
Merecem destaques as “renúncias” ao assistencialismo social eleitoreiro (bolsa-família, é claro), ao desemprego (onde ele vê isso, não sei), à miséria, à pobreza e à fome. Certamente seu olhar não passa do morro do Corcovado ou da ilha da fantasia Projac, onde aluga, como qualquer trabalhador, sua mais-valia às Organizações Globo, o maior conglomerado de comunicação brasileiro e que amealhou bilhões em verbas federais de publicidade entre 2000 e 2013. Cabe aqui, literalmente, a frase que se tornou popular nos discursos do ex-presidente Lula: nunca antes na história desse país se combateu tanto a miséria, a fome, a pobreza e o desemprego. Mas, isso não consta na indignação seletiva de Fontoura.
O “grand finale” vem do seu pedido à Dilma para que renuncie “aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT” e “se permita que a sua história futura seja coerente com o seu passado”. Muito interessante. Dê banho na criança, jogue ela fora junto com a água suja e você terá um ser limpinho e cheiroso. Ou seja, passe uma esponja em tudo o que você acreditou e acredita que esta é a melhor forma de construir o futuro. Claro que ele se refere ao futuro na narrativa da mídia conservadora, da oposição golpista e dos interesses internacionais que não suportam uma soberania brasileira ativa e altiva.
O governo do PT é o pior governo que já passou pelo Brasil. Resta saber para quem. Essa é a pergunta que deixo para Ary Fontoura que, se preferir, pode até interpretar no palco a sua resposta. A liberdade de expressão está garantida na Constituição. Falta agora assegurar a pluralidade de informação. Uma carta com esse pedido especial o ator global poderia enviar para a família Marinho.
Confira o roteiro da gandaia para celebrar a chegada de 2015 em São Luís
A programação tem música popular brasileira, axé, forró, reggae, música eletrônica, sertanejo, música gospel, samba, pagode, só para citar alguns ritmos.


Para celebrar a chegada de 2015 São Luís se enche de festa nos quatro cantos da cidade. E são programações para agradar todo mundo ao som de música popular brasileira, axé, forró, reggae, música eletrônica, sertanejo, música gospel, samba, pagode, só para citar alguns ritmos. Programação pública ou privada, clubes, restaurantes, praia, hotel, bares ou booates, o que vale é escolher um roteiro para se despedir com muita festa de 2014 e saudar 2015.

Confira o roteiro completo das festas da virada em São Luís:

Réveillon Lagoa House Hot Mix
Atrações: Pandha, Claudinho Polary, Henrique Carvalho e Mauro DJ, Banda Zero Hum
Preços: A partir de 80
Informações: 8116-0340/8112-5155

Réveillon de Ouro da AABB
Atrações: Argumento e Banda Mr. Jones
Preços: A partir de 200
Informações: 3235-6925

Réveillon Flores
Atrações: Chicabana, Mara Pavanelly e Samyra Show e o cantor Matheus Fernandes
Preço: R$ 400
Informações: (98) 3015-3017

Réveillon Lúmina
Atrações: DJ Alladin, Márcio Glam e banda, Hermes Castro, Boys Bad News, Twelve Street, Soulvenir (mais participação de Phill Veras), Ventura
Preço: Segundo Lote: R$150

Réveillon Avenida Litorânea
Atrações: Zeca Baleiro, Grupo Argumento, Banda de Reggae de Alcântara
Barba Branca, Grupos de Tambor de Crioula, Banda Afrôs e convidados
Preço: Entrada franca

Réveillon Gospel Praça Maria Aragão
Atrações: André Valadão, Anderson Freire, Maurício Paes, artistas locais
Preço: Entrada franca

Réveillon do Café 
Atrações: Banda Viva Noite, DJs Macau e Josi Oliveira, Pepê Jr. e o DJ sueco Bauer
Preço: Ingressos individuais a R$ 350. Bangalôs R$ 4.500 com 10 ingressos. Mesa com 10 lugares a R$ 4 mil e Mesa compartilhada a R$ 400 por pessoa. 

Reveillon Sunrise 
Atrações: Mais de 35 atrações 
Preço: A partir de 65 (pista)
Informações: (98) 9964-4443/98108-9466

Reveillon Luz
Atrações: Mara Pavanelly, Samyra Show & Forró 100%, Matheus Fernandes,
Preço: A pista custa R$ 70 e o espaço Vip R$ 100
Informações: (98) 3016-6663

Reveillon Aloha Paradise 
Atrações: Filhinho de Papai, Shinoda, Pepe Jr, Xavecada, Stanley e Cristian, Leydiane Costa, Banda Neura, Argumento, Baré de Casco, DJs Polary, Bulacha, Klinger e Walter Jr., Banda House, Dj Ksyfux, Sanatorium, Carol Vieira, RivVs, Cá Sodre.
Preço: A partir de 110

Timão negocia passe de Jonas por R$ 1 milhão, e Sampaio Corrêa paga dívida

Do JP

A venda do volante Jonas para o Corinthians vai render aos cofres do Sampaio Corrêa a quantia de R$ 1 milhão e mais 15% dos direitos econômicos do jogador. A divulgação de valores foi confirmada pelo presidente do clube, Sérgio Frota.
Segundo ele, o clube negociou esse valor e abriu mão da multa rescisória de R$ 2 milhões pelo contrato que tinha vigência até o fim de 2015. O valor, porém, não chegará completo aos cofres do Tubarão em 2015.
Timão negocia passe de Jonas por R$ 1 milhão, e Sampaio Corrêa paga dívida
Tubarão só avança nas negociações milionárias
A transação está concretizada entre os clubes e o jogador, mas o Tricolor receberá de forma liquida apenas R$ 800 mil, pois R$ 200 mil desse valor serão direcionados a uma dívida do Sampaio com o São Caetano referente ao empréstimo de Pimentinha.
O pagamento só será efetuado a partir da assinatura do contrato  em duas parcelas: uma de R$ 500 mil e outra de R$ 300 mil.
– A multa rescisória era de R$ 2 milhões. Mas para facilitar a negociação, mesmo porque não quero nenhum jogador insatisfeito, o Sampaio abriu mão de 15% e o grupo de investidor de 15%. O que o Sampaio vai receber é R$ 1 milhão pelo passe do Jonas, incluído uma divida de R$ 200 mil que o clube ainda tinha em relação ao Pimentinha – explicou.
O HOMEM DA GRANA Sérgio Frota vai embolsar R$ 1 milhão num piscar de olhos 
O dirigente ainda ressaltou que o fato do jogador ter assinado com um procurador comprometeu um pouco as negociações, principalmente porque a multa rescisória inicial era de R$ 2 milhões.
– O que atrapalhou foi ele ter assinado com o procurador, quando o Sampaio poderia muito bem ter tratado disso. Se pegar 30% de R$ 2 milhões dá R$ 600 mil. O Jonas recebeu apenas R$ 200 mil de luvas, então quem perdeu foi ele – disse.
Jonas assinou contrato com o Corinthians por quatro temporadas e caso o jogador seja negociado o Tricolor tem direito a 15% da quantia. Sérgio Frota afirmou que se negou a vender essa porcentagem.
– O investidor quis comprar os 15%, mas eu não quis. Deixa lá – afirmou.

De trabalhadora arrastada a presidenta xingada, 2014 expôs condição da mulher

Cenas de violência e intolerância se multiplicaram e tiveram as mulheres como alvo. Para socióloga, comportamento violento masculino encontra respaldo institucional no Congresso e é legitimado pela mídia

Por Daniele Silveira,
Da Radioagência BdF
O fortalecimento dos setores mais conservadores foi um dos temas mais debatidos por organizações populares e analistas políticos neste ano. As cenas de violência e intolerância se multiplicaram e tiveram como alvo os mesmos grupos oprimidos historicamente, entre eles as mulheres.
No início do ano os movimentos feministas se revoltaram com uma pesquisa inusitada. Cerca de 26% dos entrevistados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) concordam que mulheres com roupas “que mostram o corpo merecem ser atacadas”. Essa banalização incentiva desde os casos de assédio sexual no transporte público até os estupros na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), uma das mais tradicionais do país.

Em entrevista à Radioagência BdF, a pesquisadora Flávia Rios analisa as relações de gênero e o que houve de mais marcante em 2014. Doutora em sociologia pela USP, ela explica que a violência contra a mulher ultrapassa as barreiras de classe. Da trabalhadora arrastada por uma viatura da Polícia Militar a presidenta xingada durante a abertura da Copa do Mundo, nenhuma mulher foi poupada.
Radioagência BdF: Flávia, falando em conquistas e violações de direitos, que fatos marcaram 2014 para as mulheres?
Flávia Rios: Eu tenho algumas imagens que me marcaram em relação às mulheres nesse ano. Imagens que me chocaram. Uma delas foi o caso da Cláudia, o assassinato dela. Uma mãe de quatro filhos, uma trabalhadora arrastada. Essa eu acho que foi a cena mais marcante de 2014. Especialmente porque simboliza as condições de opressão da mulher negra, pobre, que vive na favela. As condições intercruzadas e o tipo de morte chocaram o Brasil e o mundo, e mobilizou os movimentos sociais. Muitos coletivos se organizaram a partir de Cláudia. Por outro lado, do ponto de vista legal, as pessoas responsáveis estão na ativa.

Um segundo caso foi o da abertura da Copa do Mundo, os xingamentos que a presidente recebeu. Xingamentos feitos em português, inglês, e que remontam a dimensão dos estereótipos da mulher e reduzem a figura da mulher mesmo em uma posição super elevada. Eu falei inicialmente de um caso de uma mulher em uma posição fragilizada na sociedade e agora uma chefe de Estado também vivenciando uma experiência de um estupro coletivo e simbólico, tendo sua imagem, sua figura, sendo ridicularizada e sexualizada o tempo todo por xingamentos que até então nunca se tinha ouvido na história do país para se referir a uma pessoa que ocupava uma posição mais elevada do Executivo. Então, são imagens simbólicas que marcam duas dimensões. Uma dimensão na base da pirâmide social e outra também em uma dimensão mais elevada em termos de política.

Radioagência BdF: A subrepresentatividade no Congresso Nacional é mais um exemplo de como se dá discriminação de gênero?
FR: É a primeira vez que a lei eleitoral de cota mínima de 30% para mulheres se faz efetiva, e os partidos com medo de sanção tentam colocar mulheres para se candidatar. Então, teve um incremento no número de mulheres que se candidataram, isso é positivo e diz respeito a uma conquista dessas mulheres, e também por sua vez teve uma melhor representação nesses cargos legislativos quando comparados a 2010. Ainda que os dados sejam bastante alarmantesHoje nós temos uma mulher para cada 10 deputados federais.
Radioagência BdF: Por que a violência seja física, sexual e psicológica ainda faz parte da nossa realidade?

FR: Primeiro, diz respeito ao estímulo que a cultura brasileira constrói o tipo de masculinidade. As relações de gênero no Brasil perpassam por dimensões culturais, educacionais, de formação, mas você encontra padrões comportamentais em todas as classes sociais. Mas o comportamento violento masculino é algo marcante em todas as classes sociais, independentemente de escolaridade. Eu acho que diz respeito à forma como cultura machista e patriarcal é construída e o lugar da mulher. Espera-se que mulheres estejam em certos lugares. E por mais que hoje no Brasil tenhamos mulheres que estudam mais, mulheres têm mais anos de escolaridade, esse incremento educacional não corresponde a um aumento equivalente do seu salário, nem mesmo das suas posições no mercado de trabalho.
Radioagência BdF: Em termos de políticas públicas para a igualdade de gênero, que avanços são necessários para os próximos anos?

FR: Do ponto de vista das mulheres são as conquistas no que diz respeito a autonomia do corpo. Essa é uma das principais lutas, bandeiras, marchas. A defesa do aborto. Essa é uma pauta muito significativa porque diz respeito a autonomia da mulher e a possibilidade de ela decidir. Outras conquistas dizem respeito à luta por representação política. Muitas pautas femininas e feministas não conseguem avançar no Executivo e no Legislativo justamente porque somos mal representadas. Uma representação maior das mulheres, conquistas via partido, de forma partidária, mas também dos movimentos sociais e articulação podem promover e garantir melhorias nas condições das mulheres, que dizem respeito a questão da violência, do parto, da saúde, do tratamento e também da representação nos meios de comunicação, porque esse também é um dos vetores da má representação das mulheres e estímulo a comportamentos masculinos absolutamente violentos.


Radioagência BdF: Entre os fatos positivos de 2014 (se eles existem), o que você ressaltaria em relação às mulheres?
FR: Eu gostaria de marcar um evento super significativo que aconteceu nesse período que é a memória de uma escritora muito influente no seu período, que conseguiu reconhecimento internacional, que foi Carolina Maria de Jesus. Os movimentos sociais ergueram essa mulher e a produção e reflexões dela, e trouxeram os centenários espalhados Brasil afora, mostrando o vigor da mobilização coletiva no que diz respeito à reconstrução da memória e da produção de discursos das mulheres no Brasil.

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