segunda-feira, 20 de abril de 2015

Em São Luís, 101 casarões estão em risco



Prédios dos séculos 18 e 19, no centro histórico da capital maranhense, são tomados por mato e usuários de drogas

Número representa quase 10% dos imóveis tombados da cidade; Iphan admite casos de risco de desabamento
JULIANA COISSIDE SÃO PAULO
"Um número excepcional de edifícios históricos foi conservado", em "um extraordinário exemplo de cidade colonial" nas Américas.

É assim que a Unesco descreve o centro histórico de São Luís (MA), considerado patrimônio mundial.

Hoje, porém, casarões em condições precárias, com infiltrações nas paredes e telhado deteriorado, ruas sujas e a presença de usuários de drogas afastam moradores e turistas e transformam a joia colonial em área abandonada.
Ao menos 101 casarões do centro histórico estão em situação crítica de conservação, segundo mapeamento da Defesa Civil do Estado.
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A superintendente do Iphan, Kátia Bogea: discurso inconsistente 
O número corresponde a quase 10% dos 1.342 imóveis na área considerada de patrimônio mundial. São casarões, palácios de governo e igrejas dos séculos 18 e 19. Alguns são anteriores a 1700.

O Iphan, órgão federal de proteção do patrimônio, admite haver casos --poucos --com risco de desabamento.

Nos casos mais críticos, só restam as fachadas dos casarões e o mato alto. Ruínas servem como estacionamento irregular e abrigo de usuários de drogas. Famílias sem-teto ocupam casas vazias.

"As pessoas se sujeitam a estar naquelas condições, em locais insalubres. Pôr a vida em risco para ter um teto não é uma visão agradável", diz o tenente-coronel Izac Matos sobre o cenário encontrado nas visitas da Defesa Civil.

O pedreiro Klaisson Silva Martins mora com a mulher e três filhos em um dos casarões abandonados.

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O subprefeito do Centro Histórico, Fábio: assim como no filme de Stanley Kubrick, de olhos bem fechados 
O medo dele aumenta no período chuvoso. "É comum ver casarão que desabou nessa época de chuvas", diz.

Dona de um ateliê na área, Marlene Barros reclama da vizinhança. Um casarão próximo foi invadido, e o acúmulo de lixo a irrita. "Há dias em que o cheiro é insuportável."

'OCUPE O CENTRO'

A degradação se acelerou a partir dos anos 2000, com a paulatina migração para áreas mais nobres, próximas às praias, segundo o Ministério Público Federal. "Órgãos públicos, empresas e moradores estão deixando o centro histórico", diz o procurador Alexandre Soares.

O órgão e o Iphan acionaram na Justiça donos de casarões para que restaurem os prédios --eles alegam que o custo da reforma é alto.
A Procuradoria também move ação contra o poder público. "O abandono não está só no casarão. São ruas sujas, mal iluminadas, com buracos, com calçamento mal cuidado", diz Soares.

O Ministério Público e o Iphan defendem políticas para ocupar o centro. "Que seja uma área rentável, senão o empresário não vai querer investir", diz a superintendente do Iphan Kátia Bogéa.

OUTRO LADO

A prefeitura e o governo estadual dizem que estão recuperando casarões e que têm projetos conjuntos para o centro histórico de São Luís.

Em nota, a gestão do prefeito Edivaldo Holanda (PTC) diz que lacrou 19 prédios --alguns abrigavam usuários de drogas --e que busca atrair investimentos privados para o centro com incentivo fiscal. A prefeitura afirma ainda que está restaurando prédios com verba própria e federal.

O governo estadual, em nota, diz que prevê restaurar 17 prédios no centro histórico com verba federal. As obras devem começar no segundo semestre.
A gestão do governador Flavio Dino (PCdoB) disse que tem agido em projetos com o município para garantir mais segurança.

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