sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
ONU: Crianças revelaram que foram
estupradas por tropas da Europa durante “missão de paz”. Uma das meninas, de
apenas 7 anos, disse que foi violentada por soldados franceses “em troca de uma
garrafa de água e um pacote de biscoitos”.
A ONU acusou tropas da Georgia, França e outro país europeu
não identificado de terem violentado sexualmente crianças durante missão de paz
na República Centro-Africana, como informou o porta-voz do Escritório das
Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colville, nesta sexta-feira
(29/01).
Uma das meninas, de sete anos, disse que teve relações
sexuais com soldados franceses “em troca de uma garrafa de água e um pacote de
biscoitos”. Ao todo, cinco meninas e um menino foram entrevistados por
pesquisadores das Nações Unidas. Eles disseram que foram vítimas de estupro ou
que receberam dinheiro, ou algum tipo de recompensa, para ter relações sexuais
com soldados que faziam parte da operação da União Europeia ou das forças
francesas, que operam à parte.
Membros das tropas francesas Sangaris já estavam envolvidos
em outros seis casos revelados no ano passado (relembre aqui).
Segundo Colville, embora ainda não tenha sido verificado,
três das meninas indicaram que os responsáveis pelas ações eram soldados
georgianos que atuavam na força europeia. Elas tinham entre 14 e 16 anos quando
os abusos ocorreram, em 2014.
Acredita-se que os estupros tenham acontecido no campo para
pessoas deslocadas próximo ao Aeroporto de Bangui, na capital da República
Centro-Africana.
“Estas são acusações extremamente sérias e é crucial que
estes casos sejam investigados urgentemente”, disse o alto comissário de
Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein, em comunicado.
“Muitos desses crimes continuam sem punição, com os
criminosos aproveitando plena impunidade”, acrescentou.
A República Centro-Africana vive um conflito político desde
2012, em que milícias cristãs combatem muçulmanos. Em 2013, a França — antigo
colonizador do país — enviou 2.000 tropas para a região e começou a passar o
controle para as Forças de Paz da ONU somente em 2015. Cerca de 10.000 soldados
das Nações Unidas atuam na região desde setembro de 2014.
Fonte: Opera Mundi/Pragmatismo
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