quinta-feira, 31 de março de 2016
Não obrigue seus filhos a dar beijos e abraços em parentes!
Assim que começamos a
viajar de férias, principalmente nessas épocas de festas, nos deparamos com a
seguinte situação:iniciamos as visitas aos avós, tios, primos, pessoas que são
queridas da nossa família mas não necessariamente do convívio rotineiro dos
nossos pequenos e os parentes geralmente esperam ser recepcionados com muitos
beijos e abraços das crianças, não é mesmo?
Infelizmente, nem
sempre cenas de reencontro de filmes acontecem nessas horas e confesso que me
sinto despreparada às vezes para lidar com as expectativas ansiosas dos
parentes e amigos versus o tempo de minha filha se ambientar…
Até escrevi um post
sobre timidez nessas situações, muito comuns principalmente em crianças na
faixa de 1 a 3 anos.
Para lidar com
situações como essas, muitas mamães acabam por obrigar a pequena criança a dar
um beijo e abraço no parente, mesmo sendo contra a vontade dela. Eu mesma já
falei: “ah Clara, dá um beijinho na sua tia!”.
Não obrigue seus filhos a dar beijos e abraços em parentes!
Mas devemos ter esse
tipo de comportamento? Que mensagem estamos passando para nossos filhos
obrigando-os a ter contato corporal sem a vontade deles?
|
Pensando nisso, resolvi abordar parte de um artigo da CNN, citado por Pop Sugar chamado
“Eu não sou dona do corpo de meu filho”, que explora muito esse tema. O artigo
original se encontra aqui.
Katia Hetter, a
autora, diz que “forçar crianças a tocar pessoas quando elas não querem, acaba
por deixá-las vulneráveis a potenciais pessoas mal intencionadas (futuros
abusos sexuais).
Ao assumir que obrigar seu filho a dar um beijo da bochecha da vovó não tem
nada a ver com potenciais abusos sexuais no futuro, você estará violando a
“zona de conforto” de seu filho e esta criança aprenderá a aceitar
qualquer pessoa nesta situação.
O artigo ainda aborda
que devemos incentivar nossos filhos a ouvir seu próprio “senso de zonas de
conforto” e jamais incentivá-los ignorar esse tipo de feeling. Esse senso é
aquele que nos alerta a qualquer situação que nos deixe desconfortáveis perto
de outra pessoa. A criança nunca deve tocar ou ser tocada quando se sente
desconfortável, sendo essa pessoa da família ou não, justamente para que ela
não perca esse senso de proteção no futuro. Beijos e abraços NUNCA devem ser
obrigados e sim vir da vontade única e exclusiva da criança de expressar seus
sentimentos.
Crianças pequenas
geralmente nos testam mesmo (leia mais sobre terrible two) e uma das maneiras que eles
encontram de chamar a atenção é negando-se a fazer coisas que nós teremos de
qualquer forma que arrumar um jeito de convencê-los a fazer, como comer, tomar
banho, se vestir e comportar-se educadamente.
Porém, recusar a
demonstrar afeto, como falado acima, nunca deve ser colocado nessas categorias
primordiais como alimentação e bom comportamento. Crianças podem sim ser muito
bem educadas respeitando seus jeitos individuais de ser e demonstrar afeto.
Uma atitude que ajuda
muito a lidar com essas expectativas de parentes, se concordar com essa linha
de pensamento do artigo da CNN, é conversar sobre essa linha educacional que
está adotando com os seus entes queridos. Eles respeitarão sua decisão como
mãe.
Outra coisa que pode
ser feita, é substituir a obrigação por beijos e abraços por apertos de mão e
“toques”, que é também uma forma super educada de cumprimentar as pessoas. Até
as crianças mais tímidas podem aderir. Dá até para criar “cumprimentos de mão
especiais e estilizados”, com os parentes mais queridos. Diversão garantida.
Aos poucos, conforme o
vínculo da criança com os parentes vão se consolidando, elas naturalmente irão
demonstrar afeto, por livre e espontânea vontade.
Este post expressa
opiniões do artigo da CNN. Eu mesma fiquei bastante chocada pois frequentemente
solicitava a Clara (até insistia) para ela dar beijinhos nos avós que moram em
outra cidade e não a veem com frequência. Porém, estou começando a pensar e
olhar isso com outros olhos. Realmente nossos instintos são sempre muito
importantes e, se não nos sentimos bem com uma pessoa, jamais devemos deixá-la
nos tocar. Claro que parentes queridos quebram essa barreira rapidamente e
logo, conforme a criança for se sentindo mais confortável, ela mesma pode
querer espontaneamente expressar afeto.
Publicado originalmente em: Mamãe
Puglada
Edição: Agência Baluarte
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