segunda-feira, 23 de maio de 2016
Ônibus é incendiado em
quarto dia de ataques em São Luís
Ao todo, já foram sete casos
de ônibus totalmente queimados registrados.
Oito tentativas foram frustradas ou veículos foram parcialmente queimados.
Oito tentativas foram frustradas ou veículos foram parcialmente queimados.
Mais um ônibus foi
incendiado no começo da noite deste domingo (22) no Altos do Turu, bairro da
Região Metropolitana de São Luís. Este foi o 15º ataque a ônibus consolidado
desde quinta-feira (19). Ao todo foram sete casos de coletivos totalmente
queimados e outras oito tentativas frustradas ou com veículos parcialmente
destruídos neste período.
Ônibus foi completamente consumido pelas chamas no Altos do Turu (Foto: Divulgação/Polícia Militar) |
Na manhã desse sábado (21), os criminosos atacaram um veículo da mesma linha,
mas a população conseguiu controlar o incêndio. No entanto, o clima de
insegurança fez com que durante a noite os ônibus fossem recolhidos às garagens
das empresas pelos motoristas, mesmo sem orientação dos sindicatos dos
rodoviários e dos empresários.
O novo ataque foi feito 24h
depois do governador Flávio Dino (PCdoB) confirmou pelas redes sociais o embarque
dos homens da Força Nacional em Gama (DF), para ajudar a combater os ataques de
organizações criminosas em São Luís. Este é o quarto dia consecutivo de
ataques.
O governo ainda chegou a anunciar que fará o monitoramento das empresas para saber se estão colocando todos os veículos nas ruas da capital maranhense. Além disso, confirmou a presença de policiais embarcados em ônibus, blitzen, incursões nos bairros para patrulhamento e captura de procurados da Justiça.
O governo ainda chegou a anunciar que fará o monitoramento das empresas para saber se estão colocando todos os veículos nas ruas da capital maranhense. Além disso, confirmou a presença de policiais embarcados em ônibus, blitzen, incursões nos bairros para patrulhamento e captura de procurados da Justiça.
Policiais vão embarcar em ônibus de São Luís (Foto: Divulgação / Karlos Geromy / Secap) |
Na sexta-feira (20), outros
três ônibus foram incendiados no João de Deus, Primavera e Parque Vitória. O
primeiro dia de ataques ocorreu na quinta-feira (19), os ataques foram nos
bairros do Jardim Tropical e Liberdade, em São Luís; Vila Roseana Sarney, no
município de São José de Ribamar (MA); e na cidade de Raposa.
Ameaças ao comércio
Na tarde de sábado, comerciantes fecharam as portas com medo das ameaças de criminosos disseminadas na comunidade do Coroadinho – quarta maior favela do país e a primeira do Norte e Nordeste, segundo o IBGE –, em São Luís.
Ameaças ao comércio
Na tarde de sábado, comerciantes fecharam as portas com medo das ameaças de criminosos disseminadas na comunidade do Coroadinho – quarta maior favela do país e a primeira do Norte e Nordeste, segundo o IBGE –, em São Luís.
Homens ameaçaram incendiar comércios no Coroadinho (Foto: Divulgação / Coroadinho Online) |
Durante a noite, o Batalhão
Tiradentes da Polícia Militar do Maranhão (PM-MA) prendeu um suspeito que
atearia fogo a pneus na avenida Jerônimo de Albuquerque, na altura do bairro do
Vinhais, em São Luís. À equipe da PM-MA, o suspeito afirmou que não faria um
atentado, mas sim um protesto contra a violência.
Prisões e ações
Além do pedido de tropas federais, o governo reforçou o policiamento em diversos pontos da capital e suspendeu a folga dos agentes para que todo o efetivo fosse disponibilizado para combater a ação dos criminosos.
Prisões e ações
Além do pedido de tropas federais, o governo reforçou o policiamento em diversos pontos da capital e suspendeu a folga dos agentes para que todo o efetivo fosse disponibilizado para combater a ação dos criminosos.
O conjunto de ações garantiu
a prisão de mais de 50 pessoas, grande parte envolvida nos ataques a coletivos
iniciados na última quinta-feira (19). A mobilização de todo o efetivo,
inclusive dos policiais de folga, para reforçar as ruas, inibiu novos ataques e
amenizou a sensação de insegurança da população.
Após dias de medo e violência, usuários e trabalhadores do sistema de transporte público experimentaram algumas horas de tranquilidade na capital maranhense. Os ônibus voltaram a circular na manhã deste domingo.
Após dias de medo e violência, usuários e trabalhadores do sistema de transporte público experimentaram algumas horas de tranquilidade na capital maranhense. Os ônibus voltaram a circular na manhã deste domingo.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO G1MA
EDIÇÃO DE ANB ONLINE
86% das mulheres brasileiras já sofreram
assédio em espaços urbanos, aponta pesquisa
Brasil ficou em 1º lugar na
percentagem de mulheres assediadas entre os países do levantamento, empatado
com a Tailândia
Uma pesquisa sobre assédio,
lançada nesta sexta (20) pela empresa internacional de
pesquisas YouGov, revela que 86% das brasileiras entrevistadas já sofreram
assédio em espaços urbanos. O estudo foi encomendado pela Action
Aid, organização internacional de combate à pobreza.
O levantamento foi realizado
com 2.500 mulheres acima de 16 anos, habitantes das principais cidades da
Índia, Reino Unido, Brasil e Tailândia. Estes dois últimos lideram empatados
entre os países onde as mulheres mais relataram assédios em suas cidades. Em
seguida vem a Índia, onde 79% de mulheres que já foram assediadas, e a
Inglaterra (75%).
De acordo com os dados
divulgados, a forma mais comum de assédio sofrido pelas brasileiras é o
assobio, relatado por 77% das entrevistadas, seguido por olhares insistentes
(74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%).
No Brasil, metade das mulheres entrevistadas afirmou já ter sido seguida nas ruas e 44% já tiveram seus corpos tocados |
Metade das mulheres
entrevistadas no Brasil afirmou já ter sido seguida nas ruas, 44% tiveram seus
corpos tocados, 37% disseram que homens já se “exibiram para elas”, e 8% foram
vítimas de estupro em espaços públicos. A região centro-oeste é onde o índice
de assédio nas ruas é maior, com 92% das mulheres relatando
experiências deste tipo. Em seguida vem o norte (88%). O nordeste, o
sudeste e o sul estão empatados, e 85% das mulheres vivenciaram esse
modo de violência.
A Action Aid entende que a
colocação do Brasil na pesquisa não foi uma surpresa. “É uma triste
constatação. Há uma cultura muito presente de violência, ao mesmo tempo em que
há uma reação maior das mulheres, isso dá condição para que a gente consiga
averiguar mais claramente os dados”, afirma Glauce Arzua, coordenadora da
campanha no Brasil.
Contexto
O estudo foi publicado no
Dia Internacional de Cidades Seguras para as Mulheres, data reivindicada desde
2015 pela ActionAid. Ele é parte da campanha "Cidades Seguras Para as
Mulheres", lançada no Brasil em 2014 com o objetivo de promover uma
melhoria da qualidade dos serviços públicos nas cidades e chamar a atenção para
o problema da violência de gênero nos espaços urbanos.
Glauce destaca que a
escolha dos países do levantamento teve o objetivo de reunir contextos
culturais e estruturas de governos diversas. “É impressionante que apesar dos
diferentes contextos das regiões onde foram feitas as pesquisas, todos os dados
coincidem e são muito altos. Mostram que é um problema global que afeta as
mulheres”, afirma Glauce.
Segundo ela, a pesquisa quis
mostrar uma situação que limita muito a vida das mulheres, sobretudo das mais
pobres. “A gente tem que dar atenção para essas mulheres. Mesmo que ofereçamos
oportunidades de capacitação e acesso a trabalho, elas não têm a segurança de
circular pelas cidades”, declara.
"Chega de Fiu Fiu"
A campanha iniciada em 2013
contra o assédio sexual em espaços públicos pelo projeto Think Olga, intitulada
"Chega de Fiu Fiu", mostrou resultados parecidos quando entrevistou
cerca de 8 mil mulheres dos mais diversos estados do país. Na época, 83% das
mulheres relataram já ter passado situação de assédio nas ruas e outros locais
públicos.
Ambos os números é visto
positivamente pela gerente de conteúdo e comunidades da organização, Luise
Bello. "Os dados refletem esta realidade, que por um lado é negativo,
porque mostra que ainda existe, mas também revela um crescimento do incômodo
das mulheres em relação ao assédio", disse.
Para Luise, o pequeno
crescimento entre uma pesquisa e outra mostra como este tipo de ferramenta
fortalece as denúncias e descontrói a visão de que uma cantada é um elogio.
"Tanto a "Chega de Fiu Fiu" quanto esta nova pesquisa [da Action
Aid] são importantíssimas para mostrar como essa cultura desagrada. Elas nos
dão mais voz quando reclamamos que sofremos assédio. As mulheres ainda sentem
vergonha de falar, ainda têm medo serem demitidas por estarem exagerando. Mas
quando vemos estes números, sabemos que não é algo pontual", disse a
gerente.
Ela acredita que a
comparação com outros países é interessante pois mostra a existência do assédio
nas mais diversas culturas e permite entender que é um problema cultural. Ela
pondera, porém, que é preciso cuidado aproximar os dados de contextos tão
diversos.
"É triste que neste
ranking superamos a Índia, que também é uma cultura limitadora para as
mulheres, mas é complicado [comparar] porque é uma cultura muito
diferente da nossa. Precisamos ouvir as mulheres de lá para entender e aprender
mais", refletiu Luise.
Espaço público
Na pesquisa, as mulheres
também foram questionadas sobre a situação em que sentiram mais medo de
sofrerem assédio. A essa pergunta, 70% responderam que sentem mais medo ao
andar pelas ruas, 69% ao sair ou chegar em casa à noite e 68% no transporte
público. Os dados variam entre os países do levantamento, sendo que 43% das
mulheres ouvidas no Reino Unido e 62% na Tailândia disseram se sentir mais
inseguras nas ruas, enquanto 65% das indianas apontaram o transporte público
como local mais ameaçador.
Luise acredita que o índice
representa como as ruas são vistas como um espaço masculino e como o assédio é
intríseco a esta realidade. "É como se o lugar das mulheres fosse dentro
de casa. As cidades não são cosntruídas pensando nas mulheres. É um problema
estrutural que vamos resolver não só por meio de campanhas, mas em várias
frentes, coletivamente, colocando mais mulheres em posição de poder. Vamos nos
juntar cada vez mais para mostrar que nós também pertencemos ao espaço
público", concluiu.
Glauce entende que, apesar
de já existir certo avanço em políticas públicas e legislação contra a
violência doméstica, o assédio em espaços públicos ainda é ignorado pelo
governo e pela sociedade brasileira: “A violência nos espaços urbanos públicos
cai na vala comum de outras violências. Há um silêncio generalizado sobre esse
assunto”.
"A gente percebe que o
número de denúncias de assédio e violência contra as mulheres aumentaram.
Algumas pessoas percebem que houve um aumento na violência desde a instalação
de mecanismos para denúncia, mas na prática é o contrário, as pessoas se sentem
mais seguras para denunciar, se expressar e não aceitar. Foi bastante visível a
quantidade de pessoas que começaram a acessar canais de denúncia. Nossa
pesquisa mostra que 100% das mulheres brasileiras assumem já terem sofrido
algum tipo de assédio”, destaca a coordenadora.
Uma das conclusões do
levantamento é que o trajeto diário das mulheres mais pobres contribui
significativamente para a falta de segurança. “Óbvio que a causa é o machismo
enraízado, mas os locais onde essa violência se expressa se relacionam com
espaços de má qualidade de serviços públicos. Quando você não tem iluminação,
um ponto de ônibus com horário regular, um transporte integrado e seguro ou
campanhas educativas que mudem esse comportamento considerado normal, as
mulheres sofrem muito mais. Para a mulher custa muito mais do que para os
homens, e não por falta de capacidade, mas por falta de respeito”, afirmou a
coordenadora do Cidades Seguras.
Por esse motivo, a
organização pretende levar os resultados da pesquisa para a Habitat III,
Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano
Sustentável, que será realizada em Quito, no Equador, em outubro deste ano. “Há
um debate bastante presente sobre o direito à cidade. A gente quer dar uma
perspectiva das mulheres nesse direito. A sociedade é inteira desenhada do
ponto de vista masculino, e uma sociedade pensada para as mulheres, em uma
perspectiva de gênero, é inclusiva para todos”, concluiu Glauce.
AS INFORMAÇÕES SÃO DO BDF
EDIÇÃO DA AGÊNCIA BALUARTE
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