quarta-feira, 27 de maio de 2015
Ocupando
Só se vê bem com o coração;
o essencial é invisível para os olhos. (Exupery)
Ocupando, preenchendo, ultrapassando, mesmo, todas as dependências possíveis a sua natureza extensiva/expansiva – “[...] Porta de mundo para muitos universos/ Entrada de setas para o inesperado” – ei-la que, emersa do abismo insondável da imaginação, fecundando a criatividade do poeta, surge aqui de novo, para irradiar-se em amplos horizontes, instigando a evolução, na correnteza do tempo, no fluxo contínuo da vida. Salve a poesia! E salve este nosso já consagrado poeta e jornalista! – que ora enriquece, mais ainda, a nossa Literatura Maranhense, com esta sua nova florada poética que, em sua densidade lírico-metafórica, seu alcance multicultural, tessitura dialógica/dialética, abre-se em metalinguagem: a poesia tentando definir-se, revelar-se, em seus enigmas e mistérios, sua verve intraduzível, na voz do poeta que, falando a língua dos homens (bem verdade; não a dos anjos), não vem a configurar-se um simples “bronze que soa e um sino que tange” (lembrando Paulo, em Coríntios 13), posto que, tem Amor. Um Amor que, vislumbrado na superfície, ou seja, numa visão meramente sensória, pode evocar Eros, Baco, Afrodite (remetendo à atração física, à sensualidade, à simples busca do prazer efêmero). Já, numa verticalização mais acendrada, no exercício gradativo do ler/perceber/captar/revelar, se vai, nas entrelinhas, transitando para Filos (amor sinceridade, desinteressado, filantrópico), alcançando Storgé (amor centrado na família), dimensionando-se para Ágape, imergindo, nas profundezas desse Amor-fraternidade-universal. Panorama que se vai descortinando à medida que a poesia se nos vai desvelando um poeta na sua empatia humana, no seu humano voltar-se para o outro, numa reciprocidade, na sua relação dialógica com o mundo. De coração aberto, pois, vejamos, leiamos, alegremo-nos, com esta Ode Triste para Amores Inacabados de Fernando Atallaia, na tentativa indeclinável de perceber, na sua contextualidade, uma essência que está além, muito além, das aparências. Boa leitura! |
Dinacy Corrêa é Escritora, Ensaísta, Crítica Literária e professora do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Maranhão.
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O mundo precisa conhecer este poeta, que traduz o que há de mais fiel nos sentimentos em seus escritos. Ele deixa claro a sua provocação à discussão, ao debate, ao diálogo. Parabéns Atallaia.
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