domingo, 9 de outubro de 2016

Juventude é quem paga o preço do desemprego

Jovens do Brasil devem sentir crise com "mais violência", destaca Gaudencio Frigott.

Gaudencio Frigotto, professor do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Uerj, lembra de Viktor Frankl (1905-1997) para tentar ilustrar a situação dos jovens brasileiros em um cenário de crise e reformas em diversas áreas. Frankl, que apontou com seus estudos para as pressões psíquicas sofridas pelos desempregados, sugere a imagem da "juventude com um futuro interditado", como destacou Gaudencio Frigotto, frente a ausência de vagas de trabalho no mercado.

Há poucos anos, Gaudencio Frigotto lançou um documentário, coordenado por ele, intitulado "Juventude com Vida Provisória e em Suspenso". Baseado em uma série de pesquisas, o professor conversa no vídeo com jovens de diferentes idades e classes sociais para traçar um panorama da realidade vivida por eles e confrontá-la com iniciativas governamentais de apoio e investimento em educação.

"O desemprego é um problema no mundo, e quem paga é a juventude", explica o professor
"O desemprego é um problema no mundo, e quem paga é a juventude".
"Uma das questões cruciais, que não vem de hoje, é a predominância de uma economia financeira, que não é real. O desemprego é um problema no mundo, e quem paga é a juventude", explica o professor em conversa com o JB por telefone. O desemprego que se tornou um problema inclusive em países como Espanha e Portugal, que registram taxas em torno dos 30%, contudo, deve chegar ao Brasil "com mais violência", acredita o professor.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) -- depois de recomendar a revisão da fórmula para cálculo do salário mínimo, a aprovação de um teto para os gastos públicos e as reformas da Previdência e trabalhista no Brasil -- reviu para pior suas previsões para o emprego no país neste ano e no próximo.
O FMI diz que o Brasil deve fechar 2016 com 11,2% de desempregados, um ponto percentual acima do que havia previsto em abril. Para 2017, a projeção é de uma taxa de 11,5% -- 1,3 ponto acima da previsão anterior.

"Nós [brasileiros] não temos nenhuma proteção social. Agora, com a PEC 241 aprovada, que flexibiliza o emprego e é uma proteção para o capital financeiro, eu diria que há vários golpes contra os jovens. A medida de reforma do ensino médio também, que é um apartheid social e que diz que vai existir uma escola aligeirada, desprovida de preparo para a cidadania", alerta Gaudencio Frigotto.
A PEC 241 pretende congelar gastos em saúde, educação, assistência social e Previdência, por exemplo, por 20 anos. A comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base da proposta nesta quinta-feira (6).

"Toda essa mudança que houve no Brasil, com motivos A, B,C ou D, vai afetar profundamente a vida não só dos jovens. Quem mais emprega no mundo? É a área de serviços, de saúde, educação. Se você congela por 20 anos a ampliação de investimentos, só quando alguém morrer ou se aposentar que vai abrir uma nova vaga", frisa o professor, destacando que diversas frentes de apoio à educação e trabalho aos jovens, firmadas ao longo dos últimos anos, têm sido barradas. 

Já a reforma do ensino médio, apresentada pelo governo Michel Temer por meio de Medida Provisória, deve garantir que escolas de qualidade se voltem para uma minoria que pode pagar pelas particulares ou ter acesso às poucas escolas públicas federais, acredita o professor. "O cenário é bastante preocupante."

"Outra questão é que você tem uma juventude muito manipulada pela grande mídia, pelo monopólio dos grandes grupos mundiais. É uma juventude que se desnegou uma leitura mais crítica", ressalta. "As redes sociais revelam isto nesta nossa crise, você tem uma discussão absolutamente pífia, um embate entre 'mortadela' e 'coxinha', um discurso vazio."

AS INFORMAÇÕES SÃO DO JB
EDIÇÃO DA AGÊNCIA BALUARTE

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