terça-feira, 22 de novembro de 2011
''PERNAS PRA QUEM TE QUERO E QUERO MAIS QUE PERNAS PRA NÃO GOZAR CANSADO’’
LAURO CÉSAR, PERSONAGEM FICTÍCIO DA OBRA SAFANISMO (FERNANDO ATALLAIA, EDITORA BALUARTE, 2012, SÃO LUIS, BRASIL, EDIÇÃO LIMITADA)
''Pressa. Pra que pressa Sandrinha? Ora minhas bolas, quero deitar e dormir um pouquinho. Depois que gozo, sempre relaxo. Pernas pra quem te quero e quero mais que pernas pra não gozar cansado’’. Lauro César, um sujeito fanfarrão das melhores espécies, sabia o que desejava. Aprendiz de pé de pano, Lauro era um tipo chegado à mulheres infiéis arrependidas, aquelas que continuam arrependidas e traindo. Sabia ouvir reclames e esperar sua vez, ardorosamente.
Sandrinha, a dona do quarteirão era múltipla. Dona de casa esforçada, beldade aos 36 anos quase gastos e rosto impávido, ela adorava colossos e caras de meia idade. A exceção? Lauro César, a criança tinha 27 anos e espalhava às presas de plantão ora ter menos, ora ter mais. Dependendo das especificações seletivas das gatas que lhe abanavam o rabo, poderia se reinventar como um lagarto.
Sandrinha nada abanava ao passar pelas ruas sem asfalto do Parque Vitória e nem tampouco acenava com as mãos e os olhos. Era aquela potranca meio escorregadia. Frequentava a igreja em vestidos sugestivos e para compensar lhe roubar um sorriso era quase que o impossível. Os dentes alvos, os cabelos longos eram o que menos importavam ou chamavam atenção. Sandrinha era séria, tão séria quanto sua calcinha enfiada no bundalelê charmoso,como regra. E quando estava de shortinho curto? Nossa! Lauro César precisava desapontar; criar algo que fosse novo; despir-se das cantadas óbvias. Sandrinha exigia sensibilidade dos caras que elegia , para depois cuspir em seus rostos toda sacanagem que uma fêmea- puta guarda em silêncio desde o terceiro fracassado casamento, aquele que mais uma vez não vingara.(''Ele me batia e me deixava trancada pra sair com os amigos’’).
Para conseguir o que queria o rapazinho tinha de suar a camisa e a cabeça. ''Dona Sandrinha, acabei de chegar do serviço e minha geladora pifou, a senhora tem água gelada ai? Amanhã devolvo o litro cheio, não se preocupe (...)’’. Essa aproximação teria êxito? Dificilmente. ''Não, seu Lauro, não bebo água gelada, prefiro o líquido bem quente e babando, da última vez que alguém me pediu água, o senhor sabe né? Eu me senti uma mulher descendo, afundando, lamuriando e gosto mesmo é de subir em cima, mulher tem que estudar na vida e saber prender o homem, por favor, diga o que quer e não invente desculpas’’. Sim, ao que parece,Sandrinha desmontou a fuça do guerreiro de cara. Também não seria por menos. A moça tinha a alma transcendendo ao corpo de toda periferia; aquela inteligência gostosa das ruas; as curvas periféricas de Sandrinha queriam ser tocadas sim e com força, mas seu coração batia rumo à mensalidade atrasada do curso de informática.
Lauro César não entendia. Existem várias formas de se vender algo. Ela queria ser comprada pela companhia sacana de um cafajeste amigo e tinha ainda planos para o futuro. Sonhava em ser professora. Gostava de crianças e lia um Paulo Freire antigo, desbotado, nas madrugadas quentes, insones. A quem entregaria aquele rabo lindo e a boca chupona, majestosa? Ao primeiro que afirmasse está saciado de meias desculpas ou meias palavras e a pedisse em casamento por mais uma vez. A contar a partir de hoje.
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esse lauro césar tá parecendo com um vizinho meu, esse cara é uma comédia rsrs valeu atalaia gostei dessa parada mano
ResponderExcluirguilherme e a galera do cruzeiro
"Sandrinhas de todo o BRASIL "... Pernas pra quem te quer ... a infinita possibilidade de se reencontrarem em estórias como esta . A vontade nua e crua da mulher em se despir dessa carcaça cheia de moral sem moral !
ResponderExcluirAngelo Gomes
gostei, bom mesmo esse texto,valeu poeta
ResponderExcluirjúnior do parque vitória
muito bom mesmo,a humanidade tem q ver tudo isso, os cosmos os planetas todos....rsrsrsr..muito bom..
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