quarta-feira, 14 de março de 2012
Poeta Lília Diniz lança livro em São Luís
Por Paulo Melo Sousa
Especial para ANB Online
Amanhã, quinta-feira, dia 15 de março, em homenagem ao
“Dia Nacional da Poesia” (14 de março), acontecerá no Chico Discos,
durante o Projeto Papoético, a partir das 19 horas, o lançamento do
livro “Sertanejares”, da poeta maranhense Lília Diniz, quarta obra da
autora, o terceiro de poesia. Maranhense de Creoli do Bina, povoado de
Tumtum, Lília foi para Imperatriz aos sete anos de idade,
transferindo-se para Brasília em 1996. Retornou para Imperatriz em
2007, e atualmente circula entre as duas cidades, onde desenvolve seu
trabalho cultural. “Babaçu, Cedro e outras Poéticas em Tramas” (2001 –
poesia), “Miolo de Pote da Cacimba de Beber” (poesia – 2003), e “Ao
que vai Chegar” (Contos – 2007), são os livros anteriores da
escritora. “Sertanejares” venceu o prêmio do Edital Universal da
Cultura Maranhense, em 2011.
Do primeiro livro de Lília até “Miolo de Pote da Cacimba
de Beber” não houve mudança, sendo os poemas produzidos a partir de
uma mistura temática, com experimentos com a linguagem. “A partir do
segundo livro eu me inspirei nos falares nordestinos, trabalhando no
formato do livro, exercitando um diálogo com a cultura dos interiores
do Brasil, e este “Sertanejares” continua na linha da experimentação e
valorização da nossa linguagem, garimpando nosso jeito de falar, tanto
que o livro apresenta um glossário, que chamo de ‘palavreado’, ou
seja, uma lista das expressões populares usadas no interior do
Maranhão; dessa forma, realizo como que uma tradução, visando a
recuperação de um linguajar específico”, explica a poeta.
Lília Diniz continua dialogando com o formato do livro em
“Sertanejares”, que possui a forma de um abano, com detalhes em chita.
A cor de palha do papel dialoga bem com o colorido da chita,
conferindo ao livro uma alegria visual que enobrece o trabalho da
autora. O livro está dividido em três blocos de poesias. O primeiro
bloco é mais politizado, no qual a autora mergulha no universo das
quebradeiras de coco babaçu, aborda a questão indígena, retrata a lida
nos povoados maranhenses, abordando a sempre complexa questão da
terra.
No segundo bloco Lília investe numa proposta mais rimada, apresentando
quatro poemas grandes, revelando uma parte latente da autora, que teve
sua primeira experimentação artística feita através do cordel. “Meu
contato com o cordel aconteceu muito cedo, quando eu vivia em Alto
Alegre; meu pai escutava diariamente a rádio nacional da Amazônia, e
eu sempre estava ali, acompanhando a programação da rádio, que
apresentava a cantoria de muitos repentistas. Esses cantadores também
visitavam bastante a cidade, e aquele ritmo me embalou desde cedo.
Tenho um irmão que também comprava cordel, e minha mãe me estimulava bastante para eu decorar os textos. Na cidade, a energia elétrica
chegava tarde, e a nossa brincadeira era fazer duelo com os primos,
para ver quem cantava melhor. Depois, morei no Rio Grande do Norte
durante três anos, e ali o cordel se apresenta de maneira bem mais
forte que no Maranhão; daí eu participei de festivais, o que me
estimulou ainda mais a seguir essa trilha”, diz Lília Diniz.
A terceira parte do livro possui um caráter mais lírico, são quase
sessenta poemas de amor, a maioria deles escritos antes de 2007. O
livro possui apresentação do professor J. Bamberg, da Universidade
Federal de Goiás, que informa que a escrevinhadura de Lília Diniz vem
“da Zona-da-mata-de-transição, desse lugar-algum que é chamado de
interior, do seu belo Maranhão, fronteiro amazônico, do fundo das suas
matas e capoeirões, terra da exuberância bruta, dos buritizais, das
suas quebradeiras de coco, mulheres de fibra forte e da dureza muito
rude das suas vidas traduzidas nessa cultura mista, mestiça, cabocla,
negríndia, muito pobre de bens de pecúnia, riquíssima em urdidura
simples, em delicadíssima tecitura e de intrincamento dos seus versos
e cantares que nos abrem em quase decifrações, em carne viva, dos
falares em linguagens outras muitíssimo mais ricas, de expressões,
imaginações, fabulações pró-poéticas, poesia”. Após o lançamento do
livro em São Luís, a poeta lançará “Sertanejares” em Imperatriz na
próxima semana, dia 21 de março, no auditório da Universidade Federal
do Maranhão – UFMA, e, posteriormente, em oito escolas do Ensino Médio
daquele município.
Durante o lançamento do livro no Projeto Papoético, Lília Diniz
apresentará uma performance, com declamação de seus textos, além de
interpretar algumas cantigas, tendo como base o coco e o baião,
acompanhada de um pandeiro. A poeta realizará ainda homenagens a
Patativa do Assaré e a João do Vale, interpretando composições desses
autores. O Projeto Papoético, idealizado pelo poeta e jornalista Paulo
Melo Sousa, acontece semanalmente no Chico Discos, que se localiza na
rua de São João, 389 – A, Centro Histórico de São Luís. Ali, funciona
um sebo, no qual se comercializa livros antigos e usados, CD’s e
discos de vinil. No espaço, foi adaptado um barzinho, que atende uma
clientela fiel que aprecia música de qualidade. Ali rolam recitais de
poesia, lançamentos de livros, canjas musicais, exibição de filmes,
discussões filosóficas e exposição de ideias.
SERVIÇO
Lançamento de livro: “Sertanejares” (poesia), de Lília Diniz
Quando? 15 de março de 2012
Onde? Chico Discos – Projeto Papoético (rua de São João, 389 – A,
Centro Histórico de São Luís)
Hora: 19 horas
Entrada Franca
Paulo Melo Sousa é jornalista e poeta premiado. Trabalha no suplemento JP Turismo do Jornal Pequeno e além de escritor também é fomentador e inventivador cultural. Parceiro e amigo do editor deste portal de notícias, Melo Sousa é autor de várias obras literárias, dentre as quais pode se destacar 'Oráculos de Lúcifer', obra monumental da poesia maranhense contemporânea de sua autoria, prefaciada pelo grande crítico literário Osvaldino Marques.
Por Paulo Melo Sousa
Especial para ANB Online
Amanhã, quinta-feira, dia 15 de março, em homenagem ao
“Dia Nacional da Poesia” (14 de março), acontecerá no Chico Discos,
durante o Projeto Papoético, a partir das 19 horas, o lançamento do
livro “Sertanejares”, da poeta maranhense Lília Diniz, quarta obra da
autora, o terceiro de poesia. Maranhense de Creoli do Bina, povoado de
Tumtum, Lília foi para Imperatriz aos sete anos de idade,
transferindo-se para Brasília em 1996. Retornou para Imperatriz em
2007, e atualmente circula entre as duas cidades, onde desenvolve seu
trabalho cultural. “Babaçu, Cedro e outras Poéticas em Tramas” (2001 –
poesia), “Miolo de Pote da Cacimba de Beber” (poesia – 2003), e “Ao
que vai Chegar” (Contos – 2007), são os livros anteriores da
escritora. “Sertanejares” venceu o prêmio do Edital Universal da
Cultura Maranhense, em 2011.
Do primeiro livro de Lília até “Miolo de Pote da Cacimba
de Beber” não houve mudança, sendo os poemas produzidos a partir de
uma mistura temática, com experimentos com a linguagem. “A partir do
segundo livro eu me inspirei nos falares nordestinos, trabalhando no
formato do livro, exercitando um diálogo com a cultura dos interiores
do Brasil, e este “Sertanejares” continua na linha da experimentação e
valorização da nossa linguagem, garimpando nosso jeito de falar, tanto
que o livro apresenta um glossário, que chamo de ‘palavreado’, ou
seja, uma lista das expressões populares usadas no interior do
Maranhão; dessa forma, realizo como que uma tradução, visando a
recuperação de um linguajar específico”, explica a poeta.
Lília Diniz continua dialogando com o formato do livro em
“Sertanejares”, que possui a forma de um abano, com detalhes em chita.
A cor de palha do papel dialoga bem com o colorido da chita,
conferindo ao livro uma alegria visual que enobrece o trabalho da
autora. O livro está dividido em três blocos de poesias. O primeiro
bloco é mais politizado, no qual a autora mergulha no universo das
quebradeiras de coco babaçu, aborda a questão indígena, retrata a lida
nos povoados maranhenses, abordando a sempre complexa questão da
terra.
No segundo bloco Lília investe numa proposta mais rimada, apresentando
quatro poemas grandes, revelando uma parte latente da autora, que teve
sua primeira experimentação artística feita através do cordel. “Meu
contato com o cordel aconteceu muito cedo, quando eu vivia em Alto
Alegre; meu pai escutava diariamente a rádio nacional da Amazônia, e
eu sempre estava ali, acompanhando a programação da rádio, que
apresentava a cantoria de muitos repentistas. Esses cantadores também
visitavam bastante a cidade, e aquele ritmo me embalou desde cedo.
Tenho um irmão que também comprava cordel, e minha mãe me estimulava bastante para eu decorar os textos. Na cidade, a energia elétrica
chegava tarde, e a nossa brincadeira era fazer duelo com os primos,
para ver quem cantava melhor. Depois, morei no Rio Grande do Norte
durante três anos, e ali o cordel se apresenta de maneira bem mais
forte que no Maranhão; daí eu participei de festivais, o que me
estimulou ainda mais a seguir essa trilha”, diz Lília Diniz.
A terceira parte do livro possui um caráter mais lírico, são quase
sessenta poemas de amor, a maioria deles escritos antes de 2007. O
livro possui apresentação do professor J. Bamberg, da Universidade
Federal de Goiás, que informa que a escrevinhadura de Lília Diniz vem
“da Zona-da-mata-de-transição, desse lugar-algum que é chamado de
interior, do seu belo Maranhão, fronteiro amazônico, do fundo das suas
matas e capoeirões, terra da exuberância bruta, dos buritizais, das
suas quebradeiras de coco, mulheres de fibra forte e da dureza muito
rude das suas vidas traduzidas nessa cultura mista, mestiça, cabocla,
negríndia, muito pobre de bens de pecúnia, riquíssima em urdidura
simples, em delicadíssima tecitura e de intrincamento dos seus versos
e cantares que nos abrem em quase decifrações, em carne viva, dos
falares em linguagens outras muitíssimo mais ricas, de expressões,
imaginações, fabulações pró-poéticas, poesia”. Após o lançamento do
livro em São Luís, a poeta lançará “Sertanejares” em Imperatriz na
próxima semana, dia 21 de março, no auditório da Universidade Federal
do Maranhão – UFMA, e, posteriormente, em oito escolas do Ensino Médio
daquele município.
Durante o lançamento do livro no Projeto Papoético, Lília Diniz
apresentará uma performance, com declamação de seus textos, além de
interpretar algumas cantigas, tendo como base o coco e o baião,
acompanhada de um pandeiro. A poeta realizará ainda homenagens a
Patativa do Assaré e a João do Vale, interpretando composições desses
autores. O Projeto Papoético, idealizado pelo poeta e jornalista Paulo
Melo Sousa, acontece semanalmente no Chico Discos, que se localiza na
rua de São João, 389 – A, Centro Histórico de São Luís. Ali, funciona
um sebo, no qual se comercializa livros antigos e usados, CD’s e
discos de vinil. No espaço, foi adaptado um barzinho, que atende uma
clientela fiel que aprecia música de qualidade. Ali rolam recitais de
poesia, lançamentos de livros, canjas musicais, exibição de filmes,
discussões filosóficas e exposição de ideias.
SERVIÇO
Lançamento de livro: “Sertanejares” (poesia), de Lília Diniz
Quando? 15 de março de 2012
Onde? Chico Discos – Projeto Papoético (rua de São João, 389 – A,
Centro Histórico de São Luís)
Hora: 19 horas
Entrada Franca
Paulo Melo Sousa é jornalista e poeta premiado. Trabalha no suplemento JP Turismo do Jornal Pequeno e além de escritor também é fomentador e inventivador cultural. Parceiro e amigo do editor deste portal de notícias, Melo Sousa é autor de várias obras literárias, dentre as quais pode se destacar 'Oráculos de Lúcifer', obra monumental da poesia maranhense contemporânea de sua autoria, prefaciada pelo grande crítico literário Osvaldino Marques.
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