sábado, 16 de junho de 2012

 

 

Cavendish ameaça envolver outras empreiteiras





Por Josias de Sousa





Na última terça-feira (12), dia em que a CGU (Controladoria-Geral da União) grudou na Delta o selo de “inidônea”, o dono da empreiteira, Fernando Cavendish, esteve em Brasília. Encontrou-se com um parlamentar amigo. Teve com ele uma conversa esquisita, muito esquisita, esqui$itíssima.



Segundo notícia de Veja, Cavendish declarou ao congressista que a Delta não é a única a obter obras e aditivos contratuais por meio do pagamento de propinas a servidores públicos e a políticos. A maioria das grandes empreiteiras do país recorreriam às mesmas práticas.




Cavendish: muita água suja para pouco sabão de coco




Disse mais: assim como a Delta, suas congêneres se servem de empresas-laranjas para embaralhar os repasses espúrios, dificultando o rastreamento. Não é só: as empresas de fachada usadas pela Delta e por suas concorrentes seriam as mesmas.



Lero vai, lero vem Cavendish forneceu ao parlamentar os nomes de sete dessas logomarcas de fancaria utilizadas pelas empreiteiras. Funcionam em São Paulo. Pertencem a uma mesma pessoa: o empresário Adir Assad. Mas estão registradas em nome de dois laranjas: o técnico em refrigeração Jucilei Lima dos Santos e a mulher dele, Honorina Lopes.




Em notícia anterior, a revista revelara que a Delta havia repassado R$ 115 milhões a empresas de fachada. Desse total, R$ 47,8 milhões foram borrifados nas contas de três empresas ligadas a Assad: Legend Engenheiros Associados, Rock Star Marketing e SM Terraplanagem. As sete firmas mencionadas por Cavendish fariam parte do mesmo esquema.




A movimentação do dono da Delta é reveladora da angústia de um personagem que frequenta a grelha da CPI sozinho. É como se Cavendish buscasse companhia. Ou, por outra, o empreiteiro insinua que, se cair, não vai para o sozinho. Dá a entender que arrastará consigo outras empreiteiras. Junto com elas, os servidores e políticos que receberam dinheiro por baixo da mesa.



O interlocutor de Cavendish repassou os recados adiante. Um frêmito de pânico percorreu as bancadas de legendas como PMDB, PP, PR e PT. Dois dias depois da decisão da CGU e da conversa providencial de Cavendish, a CPI do Cachoeira derrubou, por 16 votos a 13, o requerimento de convocação do dono da Delta para prestar depoimento sob holofotes.




Tudo isso numa sessão em que o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) instilou no atmosfera da CPI a suspeita de que uma tal de “tropa do cheque” age na comissão para prover proteção a Cavendish. À plateia restou lamentar que o sumiço do Brasil de outros tempos, um país em que laranja era apenas uma saborosa fruta cítrica.










Josias de Souza é jornalista desde 1984. Nasceu na cidade de São Paulo, em 1961. Trabalhou por 25 anos na “Folha de S.Paulo” (repórter, diretor da Sucursal de Brasília, Secretário de Redação e articulista).
É coautor do livro “A História Real” (Editora Ática, 1994), que revela bastidores da elaboração do Plano Real e da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.
Em 2011, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de “Os Papéis Secretos do Exército”.

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