terça-feira, 20 de novembro de 2012

 
Leia na íntegra o poema ''Os mortos de centelha'' da obra inédita A casa de Almíscar, de autoria do poeta e escritor ribamarense Fernando Atallaia

 
Os mortos de centelha


Sabem mais que eu os mortos dependurados na parede

Tais quais retratos amarelados sem memória

Sabem mais que eu a dor e a glória de um incompreendido no presente


Estes mortos que falam à mente de outros vivos-mortos  em passadas

Acorda demente!

Acorda, retraído de estrada!


O mundo é um clarão a ofuscar teus medos

O mundo, este vulcão a queimar teus sortilégios. 

Na noite escura um lampião amordaçado ou um paiol à cruz dos cegos? 

 
 
Os mortos de centelha buscam a parca luz no fim do túnel

Mas os pregos da mão dominante dobram vagalumes

Não é demais vagar entre lumes sem aurora

Não é demais arquejar agora e acordar no depois ululante

Morre o infante, mas a nau rodopia sem parar.


Os mortos estão sussurrando às nossas orelhas como crianças

Acordam nus ante o espelho da taberna


Juntando aos recônditos da miséria olhos e inteligência.    
Nas artérias reclamando a demência de um pulsar sedento ajoelhado
Adiante?

 
Sigamos no escuro à luz de velas
Sabemos dos crepúsculos como os mortos sabem das ideias
Mais invisíveis somos se sondamos os vivos nos banheiros da vergonha.

 
Não há honra em cemitérios visitados não há honra além da terra encravada
Dos pés ao pescoço leito de pele e osso
Húmus/adubo que gritará às árvores do futuro
Morre o homem. Morre o tudo.
 

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